Faremos uma rápida visita ao olhar da medicina ayurvédica, UMA DAS MAIS ANTIGAS DO MUNDO.
É caminho de cura com sete mil anos de existência, ADMITE QUE A BOA SAÚDE É RESULTADO DIRETO DE VIVER EM HARMONIA COM O UNIVERSO.
No modelo indiano, cada ser humano possui sete chacras ou centros de energia, dispostos verticalmente em um ordenamento que se eleva.
O primeiro chacra está localizado na altura do assoalho pélvico, e sua energia é densa, pois reflete as forças telúricas.
O último chacra – também chamado da coroa ou coronário, situado no topo da cabeça, tem energia sutil, pois representa a empatia e corresponde à conexão do corpo físico com a dimensão maior, com o que está além do indivíduo.
Logo, este sétimo centro energético lida com nossas mais diáfanas e evoluídas vibrações.
É uma espécie de portal através do qual podemos superar as incontáveis versões de aparente isolamento, e comungar da unidade cósmica.
SEGUNDO O AYURVEDA, CADA PESSOA É ÚNICA E TRAZ EM SUA ESSÊNCIA, UM POTENCIAL DE AUTO-CURA. A PRÁTICA DE TODAS AS SUAS TERAPÊUTICAS ( PANCHAKARMAS ), PROPORCIONA UMA NOVA DIMENSÃO NÃO SÓ NO QUE SE REFERE À SAÚDE ORGÂNICA, ASSIM COMO DO PONTO DE VISTA ENERGÉTICO, EMOCIONAL E ATÉ ESPIRITUAL, SEGUNDO A VISÃO HINDU.
DESSA MANEIRA, LIGAÇÕES PROFUNDAS PODEM SER RESGATADAS, LIBERTANDO O SER DE TODO SOFRIMENTO, INCLUSIVE FÍSICO ( DOENÇAS ORGÂNICAS PROPRIAMENTE DITAS ).
AS DOENÇAS TÊM NOXAS EMOCIONAIS, POIS SÃO O RESULTADO DAQUILO QUE O PRÓPRIO INDIVÍDUO GEROU PARA SI.
“A VIDA TEM QUATRO COMPONENTES: CORPO, SENTIDOS, MENTE E ALMA.
QUANDO TODOS ESTÃO EQUILIBRADOS, A PESSOA ESTÁ SAUDÁVEL.” É O QUE AFIRMA BOKULLA, O ÚNICO MÉDICO COM DOUTORADO EM AYURVEDA, EM ATIVIDADE NO BRASIL.
PARA TANTO, É NECESSÁRIO ANTES COMPREENDER A SAMKHYA, DOUTRINA QUE ESTÁ NA BASE METAFÍSICA DE TODA A MEDICINA AYURVÉDICA.
ELE SE EXPRESSA NÃO SÓ NOS PRINCÍPIOS QUE REGEM A PRÁTICA MÉDICA, MAS TAMBÉM NO SER HUMANO E SUA RELAÇÃO COM O UNIVERSO.
SEGUNDO A MEDICINA AYURVÉDICA, EXISTE UMA RELAÇÃO ENTRE O MICROCOSMO DO INTERIOR DO HOMEM E O MACROCOSMO DO MUNDO MATERIAL. UM REFLETE O OUTRO.
TUDO ISSO É PURUSHA. QUER DIZER: TANTO O HOMEM QUANTO O UNIVERSO SÃO CONSTITUÍDOS DA MESMA ESSÊNCIA. DAÍ, A IMPORTÂNCIA DE SE VIVER EM HARMONIA COM A NATUREZA E A ÊNFASE NO CUIDADO ROTINEIRO COM A SAÚDE.
“O AYURVEDA É UM SISTEMA MAIS PREVENTIVO QUE CURATIVO E PRECONIZA QUE, SE O SER HUMANO VIVER EM HARMONIA COM A NATUREZA, TERÁ SAÚDE”, AFIRMA A CONSULTORA DE AYURVEDA MÁRCIA DE LUCA, REPRESENTANTE DE DEEPAK CHOPRA NO BRASIL.
TUDO O QUE EXISTE É FORMADO POR CINCO ELEMENTOS: FOGO, TERRA, ÁGUA, AR E ESPAÇO.
A FORMA COMO ESSES CINCO ELEMENTOS SE EXPRESSAM NO NOSSO CORPO É BEM COMPLEXA E PARA ENTENDER A MANIFESTAÇÃO DE TAIS ELEMENTOS NO HOMEM, É PRECISO ANTES COMPREENDER O PRINCIPAL CONCEITO MÉDICO DO AYURVEDA: O DOSHA.
O CORPO É COMPOSTO DE TRÊS DOSHAS: VATTA, PITTA E KAPHA. VATTA É FEITO DE AR E ESPAÇO. PITTA, DE FOGO E ÁGUA. E KAPHA, DE ÁGUA E TERRA.
OS DOSHAS SÃO AS TRÊS FORÇAS ENERGÉTICAS FUNDAMENTAIS QUE REPRESENTAM TODOS OS PRINCÍPIOS PSICOFISIOLÓGICOS DO CORPO.
CLASSIFICAR OS DOSHAS DE CADA PACIENTE É O OBJETIVO PRINCIPAL DO DIAGNÓSTICO DO MÉDICO AYURVÉDICO.
E A PARTIR DAÍ, O TRATAMENTO SERÁ DETERMINADO.
CADA PESSOA POSSUI UMA PROPORÇÃO ÚNICA DOS TRÊS NO CORPO, QUE É DETERMINADA NA DATA DO NASCIMENTO. A ESSA PROPORÇÃO IMUTÁVEL, UMA ESPÉCIE DE DNA DÓSHICO, DÁ-SE O NOME DE PRAKRITI.
DE ACORDO COM O PRAKRITI QUE TODAS AS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS, PSÍQUICAS E ESPIRITUAIS DO INDIVÍDUO SE MANIFESTAM MAS NÃO É ASSIM TÃO SIMPLES.
CADA INDÍVIDUO PODE TER A PREDOMINÂNCIA DE UM, DOIS OU ATÉ DE TODOS OS TRÊS DOSHAS NO CORPO. ISSO FAZ COM QUE CADA PACIENTE SEJA TRATADO DE UMA FORMA ÚNICA.
CADA PESSOA POSSUI UM PRAKRITI EXCLUSIVO.
ALÉM DISSO, DE ACORDO COM SUA ROTINA ( DINACHARYA ),
ALIMENTAÇÃO, PRÁTICAS, SEU MODUS VIVENDUS, A CONSTITUIÇÃO DÓSHICA
PODE SE DISTANCIAR DO EQUILÍBRIO DO PRAKRITI E ADQUIRIR UMA CONFIGURAÇÃO INSTANTÂNEA DIFERENTE. A ELA SE DÁ O NOME DE VIKRITI.
NO AYURVEDA, A SAÚDE SÓ É RESTABELECIDA, QUANDO O PRAKRITI, A CONSTITUIÇÃO NATURAL, COINCIDE COM O VIKRITI.
ATRAVÉS DE UM MINUCIOSO EXAME E INTERROGATÓRIO, SE CONFIGURA O DIAGNÓSTICO, QUE ACONTECE EM QUATRO ETAPAS.
PRIMEIRO O MÉDICO OBSERVA AS CARATERÍSTICAS FÍSICAS DO SUJEITO.
EM SEGUIDA, REALIZA EXAMES ESPECÍFICOS E DETALHADOS, QUE AVALIAM, ENTRE OUTRAS COISAS, A LÍNGUA
E O EXAME DE PULSO. TOMANDO COMO EXEMPLO DE UM EXAME:
“O INDICADOR MEDE O PULSO DE VATA, QUE É RÁPIDO COMO O DESLIZAR DA SERPENTE. O DEDO MÉDIO AVALIA PITTA, QUE PARECE OS PULOS DA RÃ. E O ANULAR, A PULSAÇÃO DE KAPHA, QUE É LENTA E ESTÁVEL, COMO UM CISNE NADANDO. NESTE CASO, O DIAGNÓSTICO É VATA-PITTA”.
SOMOS SERES CAPACITADOS DE HABILIDADE DE CURA E REEQUILÍBRIO, É O QUE AFIRMA DR. ERIC PEARL, MÉDICO QUIROPRÁTICO AMERICANO QUE SE TORNOU AUTORIDADE MUNDIAL AO PROPAGAR SUA EXPERIÊNCIA DE CURA, CUJO ELEMENTO PARA RESTABELECER A SAÚDE SÃO AS CHAMADAS “FREQUÊNCIAS DA CURA RECONECTIVA.
EXISTE UMA VERDADE ELEMENTAR NA VIDA: A CHAVE PARA TUDO É O AMOR.
Só através da empatia conseguimos transcender, sair do “eu” e vivenciar em sua plenitude o termo Humanidade. Também no enfoque ayurvédico, a pessoa não se cura “sozinha”, mas numa íntima conexão com a saúde da família e da comunidade. Assim, a prática da empatia pode nos remeter a um estado de consciência ampliada, no qual a miragem da separação mingua e tende a se desfazer.
Os casos expostos ilustram que a visão de que todos compartilhamos de um fluxo de energia inclusiva e solidária não é incomum ou absurda. Por alguma causa ela está presente nas mais distintas latitudes. Há décadas nossa compaixão natural tem despertado a curiosidade das academias, e vem sendo pesquisada pela ciência. Jerome Kagan, psicólogo da Universidade de Harvard, afirma que “os seres humanos herdamos uma tendência biológica que nos permite sentir medo, ciúmes e inveja, ser egoístas, grosseiros, agressivos ou violentos. Porém herdamos uma tendência biológica ainda mais forte para a bondade, a compaixão, a cooperação, o amor e o cuidado, especialmente com respeito aos que mais necessitam. Essa bússola moral inata é uma característica biológica da nossa espécie”. Portanto, não estamos aqui tratando de utopia, mas de um entendimento com ampla chance de ser referendado: nossa solidariedade tem raízes orgânicas.
Dra. Elizabete M. de Souza e Alexandre Henrique Araujo Santos (sociólogo e escritor).